novembro 21, 2016

Formação de Líderes

by Pr. Carlos Campitelli in Liderança

A formação de líderes sempre foi uma marca registrada do Ministério Jovem, porém os tempos e o perfil da juventude têm mudando de maneira acelerada. Por esta e outras razões era de caráter imperativo ter um manual que auxiliasse todo aquele que lidera a juventude adventista. O manual do Ministério Jovem é um guia de orientações, um recurso de consulta, um norte claro na hora de planejar e executar os projetos. Este manual contém as linhas gerais de como fazer e liderar o Ministério Jovem nos tempos de hoje, bem como despertar a criatividade e inovação dos líderes e suas comunidades locais.

O manual contém o Programa de Desenvolvimento de Líderes (PDL JA), por meio do qual o líder mergulhará, em dez capítulos, numa jornada de aprendizagem e aperfeiçoamento dos seus dons. Cada um dos capítulos visa ser também uma competência a ser desenvolvida pela liderança jovem na América do Sul.

Além do manual, outros materiais de apoio foram produzidos, como vídeo-aulas, apresentações e diversos outros recursos, e tudo isso estará disponível na íntegra pelo site liderja.com, ou pelo aplicativo Líder JA. Além disso, por meio das redes sociais, é possível saber de todas as atualizações de conteúdo para a liderança JA.

Diante dos desafios da liderança jovem, é vital que o ancião de igreja estude o material com profundidade, a fim de atender e apoiar de maneira mais expressiva as iniciativas dessa área.

A seguir apresento a visão geral que marca o conteúdo do manual e o programa de desenvolvimento de líderes.

Visão Geral

Sempre houve preocupação em relação à espiritualidade e futuro dos jovens. Hoje, com toda mudança cultural trazida pela revolução tecnológica em curso, os pais e os líderes da igreja ficaram ainda mais apreensivos acerca da vida religiosa da juventude. Enquanto muitos falam que os jovens estão perdidos, outros acreditam no grande potencial dessa geração.

A Igreja Adventista está atenta também às mudanças e exigências do mundo contemporâneo. Prova disso é que a transmissão de valores para as novas gerações é uma das quatro ênfases da igreja sul-americana neste quinquênio. Como líder de jovens, costumo ser questionado sobre como podemos lidar com os principais desafios e o que podemos sonhar para eles e com eles. Vejo a nossa juventude como um grande exército do bem. Eles são curiosos, conectados, proativos, inconformados com as injustiças, avessos à hipocrisia. Tudo isso faz com que essa geração tenha um grande potencial para se engajar em movimentos em favor do semelhante.

Por isso, como igreja, devemos continuar estimulando cada jovem a abraçar o ideal do serviço, mas pautar essa mobilização pela intimidade diária com Deus por meio da oração, do estudo da Bíblia e da lição da Escola Sabatina. Creio que o ser sempre precede o fazer.

Essa vida devocional que move os jovens para a ação poderá ser estimulada por meio de encontros semanais presenciais, onde a vida em comunidade possa ser experimentada. O advento das redes sociais e intenso uso que os jovens fazem delas mostram a sede dessa geração por relacionamentos. Não precisamos sair da internet, mas intensificar os encontros pessoais face to face. Neles, os relacionamentos são aprofundados e os dons são desenvolvidos, e com uma comunhão diária forte e relacionamentos saudáveis, o engajamento na missão será algo natural.

Os desafios de ministrar aos jovens são grandes, e um dos principais é mudar de uma cultura de “consumo de programas” para o engajamento em projetos de curta e longa duração, especialmente os que têm como foco a comunidade de fora da igreja. Além do impacto social e evangelístico, projetos de missão transformam a mentalidade dos voluntários ao colocá-los diretamente no campo missionário. Eles descobrem que trabalhar pela salvação do próximo os aproxima de Jesus. Eles voltam com o amor ao próximo aflorado, mais generosos e parecidos com Cristo.

No entanto, os eventos também têm seu espaço, não como um fim em si mesmos, mas como partes de um todo, como momentos de celebração e inspiração que sirvam para mostrar o que Deus tem feito por meio dos jovens, motivando outros a se engajarem tendo em vista o que Ele vai fazer. Nesse sentido, é importante olhar para a juventude como protagonista em fazer a igreja, e não meros espectadores. Se nosso foco estiver na missão, a balança entre eventos e projetos duradouros estará equilibrada na dinâmica da congregação local.

Requisito imprescindível para a liderança do ministério jovem é ser e fazer discípulos, processo cuidadoso em que um grupo de jovens é aconselhado e conduzido por alguém com mais vivência, que carrega em si marcas mais profundas da jornada cristã. Para alcançar esse objetivo queremos ter mais líderes preparados para influenciar essa geração, que ousem novos métodos com uma linguagem mais atual sem perder o essencial, e que encarem o discipulado um a um e em pequenas comunidades como indispensável para um pastoreio intencional.

Os altos índices de apostasia entre os jovens são uma realidade no contexto adventista ao redor do mundo. Por isso, o discipulado das novas gerações não pode ser encarado como uma tarefa meramente institucional. Sem dúvida, é um desafio coletivo da igreja, mas vai além disso: é responsabilidade pessoal. O discipulado não pode ser feito por atacado, decreto ou documento. Ele envolve poucas pessoas, pois é artesanal e pessoal.

Entendemos que a maior marca de um discípulo de Cristo é o amor (Jo 13:35), e quando este dom de Deus se manifesta na vida de alguém, ele transborda para outros. É por isso que o discipulado com as novas gerações será efetivo quando o amor pelos jovens for maior que nossos próprios interesses.

Pr. Carlos Campitelli

Diretor do Ministério Jovem

Divisão Sul-Americana