Quando pensamos na ideia de sermos o povo de Deus na Terra, inevitavelmente refletimos a respeito de propósito. Afinal de contas, qual o sonho de Deus para mim? Para os jovens? Para a igreja? Aliás, com que finalidade Ele a criou?
Comecemos por aqui então. Observe que o termo igreja, no original grego, é ekklesía (εκκλησία) que, numa tradução livre, significa “chamado para fora”. Acontece que o tempo passou e nos acostumamos a sermos igreja quando estamos dentro do edifício. Como se ela fosse um castelo de proteção contra tudo que está além de suas fronteiras. Não é raro investirmos recursos e ideias em torno de interesses internos, quando a expectativa de Deus é que sigamos o exemplo de Jesus e saiamos para salvar. No sermão da montanha, Jesus afirmou que devemos ser o sal da Terra, a luz do mundo. Ele explicou que a luz não tem utilidade quando escondida e que o sal precisa ter sabor, senão, para nada vale. Era assim que Cristo vivia, ao se misturar com as pessoas de Seu tempo. Durante Seu ministério, Ele se valeu de um método simples, mas poderoso que precisamos entender. Ellen White o descreve: “Unicamente o método de Cristo trará verdadeiro êxito ao nos aproximarmos do povo. O Salvador Se misturava com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, atendia-lhes as necessidades e conquistava-lhes a confiança. Ordenava então: ‘Segue-Me’”. CBV, 143. Dê uma olhada na metodologia de Jesus.
Ele se misturava. Os evangelhos apresentam a vida de Jesus em torno de pessoas. Idosos, crianças, homens e mulheres. Judeus, samaritanos, fariseus e publicanos, todos tinham sua atenção e interesse. Crentes e incrédulos eram igualmente atendidos. Jesus não se esquivou diante das multidões e não se importou com o que pensariam Dele ao estar sozinho com uma mulher de reputação duvidosa (João 4:1-30). Embora frequentasse a sinagoga (Lucas 4:16), Ele viveu e apresentou o evangelho nas grandes e pequenas comunidades. Jesus era acessível.
Manifestava simpatia. Uma pessoa simpática atrai pessoas, cria afinidades, conecta ideias e tem disposição em atender as demandas do outro. Este era Jesus. “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor”, Mateus 9:36. Um dos significados da palavra grega sumpáthea é “compaixão”.
Atendia-lhes as necessidades. Jesus era sensível às necessidades das pessoas. O reino de Deus, que Cristo veio apresentar e estabelecer, não se limita a aspectos cognitivos. Embora o ensino da doutrina seja fundamental, ele precisa ser acompanhado por atos de bondade, manifestações práticas do amor que é o fundamento do evangelho (1 Coríntios 13:1-3).
Conquistava a confiança. Jesus era uma pessoa confiável e absolutamente coerente. As pessoas acreditavam no seu discurso. Quando ele terminou de pregar o sermão da montanha (Mateus 5-7), as multidões se maravilharam com suas doutrinas e Mateus explica a razão: “porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mateus 7:29). As pessoas enxergavam na vida de Jesus o evangelho sobre o qual pregava, coisa que não viam nos líderes religiosos judeus.
Chamava as pessoas para segui-Lo. Este é o resultado final do método de Cristo, o chamado para ser um discípulo. Observe que, antes de voltar ao Céu, Jesus colocou a igreja em movimento na direção daqueles que não O conheciam. A missão da igreja é pregar o evangelho e batizar pessoas de todas as nações em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28:18-20; Atos 1:8). Todas as ações que desenvolvemos devem oportunizar às pessoas a chance de responderem ao chamado de Jesus.
As novas gerações estão interessadas no propósito das coisas. Possuem recursos intelectuais, materiais e tecnológicos que nenhuma outra geração acumulou. Quando tudo isso se reunir em torno dos interesses do Reino de Deus; quando as ações de Cristo se reproduzirem na vida de cada cristão, o propósito de Jesus se cumprirá através da igreja.
O método de Cristo não é, de fato, um método em si mesmo. É um processo que acontece naturalmente – através do Espírito Santo – na vida de quem se assemelha ao Mestre. Alguém que entendeu que é a voz de Jesus na terra. Que reproduz Seu caráter através de ações sinceras, desinteressadas e cheias de compaixão. Uma pessoa que não perde a chance de compartilhar a mensagem. É assim que o reino de Deus se expande no mundo.
Pr. Jairo Souza
Ministério Jovem da APaC/UCB (até 2018)