“Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!
Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?
Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?
Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11:33-36).
Esse é um dos pontos mais importantes na carta aos Romanos. Paulo está prestes a fazer uma transição na ênfase apresentada na carta. Até este momento ele havia escrito sobre temas profundos da teologia. Do capítulo 1 ao capítulo 11 Paulo demonstra passo a passo a maneira como o homem é justificado diante de Deus, como Cristo morreu por nossos pecados, a relação entre a lei e o Espírito, como Deus pretende incorporar a plenitude dos gentios e de Israel em sua nova comunidade de crentes. Paulo integra tempo e eternidade, história e escatologia, justificação, santificação e glorificação de uma maneira tão profunda que Pedro chega a dizer que há coisas nos escritos de Paulo “difíceis de entender” (2 Pedro 3:16).
Já a partir do capítulo 12 ele faz uma brusca mudança nos temas apresentados na carta aos Romanos. Ele passa a escreve as implicações práticas do evangelho para a vida dos cristãos, mas antes de fazer a transição entre a profundidade da teologia e as alturas da prática cristã, ele escreve um lindo hino de adoração a Deus.
Paulo nos ajuda a entender algumas verdades nessa transição. É perigoso ter apenas o estudo de temas teológicos que não levem à adoração. Uma teologia sem adoração pode tirar a vida e alegria do cristianismo e isso é muito perigoso. Por outro lado, ainda mais perigoso é uma adoração desprovida de teologia. Como disse Mark Johnston: “A teologia é a espinha dorsal da vida cristã”. Por isso Paulo nos ensina nessa transição a ter o equilíbrio entre a teologia e adoração, uma está intimamente ligada à outra. Não podemos ter apenas apresentação de temas teológicos sem levá-los à adoração, como não podemos ter adoração sem uma sólida base teológica. Pode ser um perigo tentar ver a vida dos cristãos apenas por meio de argumentos teológicos que, isoladamente, podem tornar-nos frios e indiferentes. Por outro lado, um perigo até maior, é ter adoração sem base teológica. Esse erro pode levar-nos a uma adoração vazia, que honra com lábios, mas o coração está longe da verdade.
A vida cristã equilibrada deve estar completamente fundamentada no “Assim diz o Senhor” e na verdadeira adoração que não é apenas de lábios, mas leva a prática em cada aspecto da vida.
Logo após o hino, Paulo, no verso 36, ensina que a vida cristã deve nos levar a três reconhecimentos. O cristão tem que reconhecer que tudo é dEle, tudo vem às nossas mãos por meio dEle e tudo é para Ele. Esses três pontos não são apenas aspectos cognitivos, mas devem tocar em cada aspecto da nossa vida diária.
Em primeiro lugar precisamos reconhecer que tudo é de Deus. Esse primeiro ponto é o mais fácil para a grande maioria dos cristãos, pois é uma questão apenas de concordância intelectual. Se alguém te pergunta: quem te deu esse carro, essa casa, esse emprego? Quase que automaticamente dizemos: “foi Deus quem me deu”. Alguns até colocam um adesivo com esse slogan no carro. Esse é o primeiro ponto para ser fiel mas, segundo o texto de Romanos 11, não é o único.
O segundo ponto já é mais prático, não é apenas dEle, mas também por Ele. Em outras palavras, o que me vem as mãos não é por minha força, sabedoria e capacidade e sim, pela providência de Deus que age em mim e me dá força, sabedoria e capacidade.
Certo dia conversei com um empresário cristão, que tentava me convencer que no Brasil não é possível ser completamente honesto e ainda próspero nos negócios. Ele não tinha nenhuma dificuldade em reconhecer que tudo o que possuía era de Deus, mas admitiu que não ganhava por meio dEle e sim do jeitinho que ele dava para burlar a lei. Por isso não basta dizer: “Tudo é dEle”, temos que dizer também: Tudo é por meio dEle. Temos que tomar a seguinte decisão nesse ponto: “Creio que tudo o que tenho chegou até mim pela amorosa mão de Deus.”
- Você chegou onde chegou sozinho?
- Você é o que é por conta própria?
- Você tem o que tem por sua capacidade apenas?
Tiago 1:17 nos diz que tudo o que temos e somos, nossos talentos, tempo, saúde, capacidades e oportunidades nos foram dados pela amorosa mão de Deus. Mas a nossa maior dificuldade é dar o terceiro passo e reconhecer que tudo o que temos é para Deus e Sua causa. Podemos até admitir mentalmente que é dEle e por Ele, mas temos que agir e ser fiel para demonstrar que tudo é para Ele.
Deus seja louvado, porque já está se levantando uma geração de jovens que estão vivendo o tudo que é dEle, por Ele e para Ele. Jovens que estão incomodados por perceber que podemos fazer mais pela proclamação da verdade com nossos talentos e recursos. É essa atitude que leva a um reavivamento pessoal e duradouro. Alguma coisa precisa iniciar-se em nós!
Entre 1904 e 1905 o País de Gales viveu o que é conhecido como um dos maiores reavivamentos da história. Os jornais de todo o mundo noticiavam as coisas extraordinárias que estavam acontecendo em virtude do reavivamento. Um dia um homem de Londres pegou um trem e resolveu ir ver pessoalmente se o que ele havia lido nos jornais era verdade. Ao desembarcar no País de Gales ele se deu conta de que não sabia por onde começar a procurar o tal reavivamento. Depois de andar por algumas quadras ele resolveu abordar um policial que estava parado em uma praça. Ele se aproximou e perguntou: “Policial, onde está acontecendo o grande reavivamento que os jornais tanto estão noticiando?” O policial encheu os olhos de lágrimas, apontou com o dedo para o próprio coração e disse: “Senhor, o reavivamento está acontecendo atrás desses botões de bronze.”
O reavivamento já se iniciou em você?
Josanan Alves de Barros Junior
Mordomia Cristã – DSA