Confesso que não sou amante de aventuras extremas, mas não tive escolha. Eu fui praticamente forçado e não sei como, mas estava em um ônibus a caminho das corredeiras do rio Mendoza. Não sei no que estava pensando. Na realidade, sei sim. Eu estava tentando não pensar em nada para não deixar o medo fazer eu passar vergonha na frente dos meus amigos…
Saímos da cidade de Mendoza e depois de alguns quilômetros começamos a ver o rio, parecia inocente, mas logo o vi mais turbulento. Acontece que era época de desgelo, por isso o rio fica mais abundante e as suas corredeiras são um atrativo para os amantes do rafting (claro que não era o meu caso).
Depois da viagem chegamos ao complexo e ali nos deram algumas informações rápidas e nos forneceram as roupas apropriadas: coletes salva-vidas, roupas de mergulho, jaquetas impermeáveis, botas de neoprene e capacete. Então outro problema, não tinha do meu tamanho. O zíper subiu apenas até uma altura do meu abdômen e eu quis usar como desculpa, mas um dos meus colegas me ajudou; quero dizer, pressionou o meu abdômen e subiu o zíper. Bom, eu já estava com o equipamento.
Então nos levaram até o ponto de partida e ali vieram mais informações. Fomos apresentados aos guias, pessoas essenciais nesse tipo de atividades, pois possuem experiência, certificação internacional em resgate e são acompanhados por caiaques de segurança.
Antes de embarcar no bote, os guias nos deram todas as instruções de segurança para que o passeio fosse um sucesso e que pudéssemos aproveitar. Em cada bote éramos 6 pessoas. As instruções do guia eram muito claras: faça o que lhe dissermos e, se cair, fiquem tranquilos que vamos resgatá-los.
“Fiquem tranquilos que vamos resgatá-los”, eu repetia essa frase quase sem pensar (para ficar corajoso) e, finalmente, sem pensar muito, entrei no barco e a descida começou. Logo ouvimos as instruções do guia: “Remem para a direita, remem para a esquerda, freamos, continuamos, sentem-se mais nas bordas!”. Creio que nunca na minha vida fui mais obediente que nesse bote.
Houve momentos de calma e momentos muito turbulentos quando o guia gritava alto as instruções para ter certeza de que as ouvíamos. Outros dois botes navegavam ao lado do nosso durante a travessia. Em um momento ouvimos a instrução gritada: “Remem a direita, a direita”. O bote que estava atrás do nosso não conseguiu remar para a direita e foi direto em um redemoinho. O bote virou e os tripulantes caíram todos na água. Assim como haviam dito, em questão de minutos (não pareceu tão pouco para os que caíram), todos os tripulantes haviam sido devolvidos no bote pelos socorristas para continuar a travessia.
Finalmente, depois de uma viagem de pura adrenalina chegamos ao destino sãos e salvos. Você pode imaginar que eu não esqueço essa experiência, nem seus detalhes. Não só por causa do quão intenso que foi, mas também porque pude sentir na própria pele o quanto precisamos de um guia.
Querido jovem, não te conheço, mas algo eu sei sobre você e eu. Atravessamos um rio turbulento, às vezes parece calmo e parece que não necessitamos de um guia. Mas às vezes está turbulento e você vê como outros caem ao seu redor, então entendemos que não poderíamos viver sem um guia.
Assim como nas corredeiras, na vida as instruções são claras: ouvir e obedecer ao guia, confiar em seu julgamento e em seus cuidados. O guia do qual eu falo é Jesus, as instruções são suas leis expressas em sua Palavra, a confiança é a fé Nele, e a obediência é a resposta de amor e confiança.
Eu falo de estudar sua Bíblia para conhecer as instruções do guia; mas se você estudar mais, você se encontrará com o Guia! E você vai perceber o quão confiável Ele é e com seu amor escreverá sua lei em seu coração. Então você obedece, não porque não tem outra escolha (como eu naquele bote), você obedece porque confia em Jesus, sabe que Ele te ama mais do que ninguém e que os Seus planos para você são os melhores, aqueles que você mesmo escolheria se pudesse ver o fim desde o princípio.
Nas palavras da Bíblia seria assim: “Obedeçam cuidadosamente aos mandamentos do Senhor, para que tudo lhes vá bem e vocês entrem e tomem posse da boa terra que o Senhor prometeu, sob juramento, a seus antepassados” (Deuteronômio 6:17,18).
Eu te pergunto: quem é o seu guia? Você o conhece? Pode confiar nele? Dedica tempo e ouve as instruções dele? Você já percebeu que precisa do Guia?
Alguns anos depois daquelas corredeiras em Mendoza, gostaria que esta experiência nos lembrasse, a você e a mim, que Jesus é nosso guia. Que possamos ter prazer em fazer sua vontade (Salmos 40:8). Se você mantiver essa comunhão com Cristo pela fé e submissão contínua da sua vontade a do Senhor, Ele trabalhará em você para que você queira e faça de acordo com a Sua vontade. Assim você poderá dizer: “e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2:20). (Caminho a Cristo, p. 62).
Jorge Vidotto
Ministério Jovem – Associação Argentina do Norte/UA